Não me envergonho de ser um eterno aprendiz como diz o poeta. Alguém eternamente em construção... Já fui um garimpeiro, já fui um livreiro..."hoje trago apenas uma pedra no meu peito, não sou mais um sonhador...chego a mudar de calçada, quando aparece uma flor... e dou risada de um grande amor" (Chico Buarque)... Será?
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
DOS TEXTOS NÃO ESCRITOS
Estive aqui relendo todos os textos que eu escrevi (rascunhei) nos últimos dias e não mandei, e aí percebi que todos ou falavam ou tinham embutido dentro de si a palavra (des)pedida. Um até tinha a expressão BOA VIAGEM. E aí cheguei à conclusão de que não os postei, com medo de que ao colocá-los no papel, eu estaria pré-determinando o que iria acontecer, e é lógico que eu não quero que aconteça, mas ao mesmo tempo, se existe esta repetição inconsciente, é porque de fato esta é uma hipótese bem provável. Na verdade, me lembrei da figura de um barqueiro de um livro que li na adolescência que ajudava as pessoas à simplesmente atravessar o rio, e enquanto o fazia, ia narrando e ilustrando, as possibilidades que estas pessoas teriam do lado de lá do rio. Eis que o lado de lá chegou, e apesar de relutante, você está prestes à descer do barco e seguir seu caminho e eu, como barqueiro, até tenho que deixá-la ir, mas indo contra o que supostamente estaria a mim designado pelo destino, finjo que a margem ainda não chegou, e ainda ofereço uma última xicara de chá. O BARQUEIRO NÃO PODE SE APAIXONAR PELOS CONDUZIDOS!
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7 comentários:
Eu te contei, Rio? Eu namoro o Vento...
o barqueiro não deveria se apaixonar pelos conduzidos,o barqueiro namora o vento ou o rio... mas os conduzidos podem querer ficar no barco, parado na margem, ouvindo o restinho de história que não acabou, o capítulo novo que começa... Como no livro das "Mil e Uma Noites"...mesmo que seja no meio de um dia, de uma xícara de chá pela metade,na chegada da aurora, no início da chuva, na brincadeira da neve...
Beijos e boa semana!
Numa das minhas muitas viagens parei aqui no seu porto, e a qualidade da sua escrita despertou a minha atenção.
Ainda não li muito confesso, mas tocou-me bastante a abordagem que faz a este nosso monstro da literatura que foi Gil Vicente.
Só para lembrar que a maioria das vezes que entramos para fazer a viagem as nossas hipóteses de escolha são nulas, pois o "barqueiro" já sabe onde nos levar....
Um abraço
Sempre comovente e sensível seus textos, Edson.
Estamos sempre partindo e deixando alguma coisa para trás, mas há aquelas que simplesmente nos apegamos e não queremos deixar ir por medo do que nos espera do lado de lá... A vida é essa eterna luta entre correr riscos e o medo de sofrer...
Beijinhos, querido.Espero que esteja tudo bem contigo.
Foi com muito gosto que aqui cheguei e silenciosamente estive
lendo as suas palavras.
Voltarei.
Um abraço
Não? E quem promulgou essa lei? Sempre acredito na força do amor, e se fosse eu a barqueira, me rebelaria, rs.
;))
P.S.
Depois do Chico Buarque, vem o Lenine, eu adoro-o.
Quanta beleza...
E essa música, eu tanto amo!
"Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura..."
Esta frase é do Guimarães Rosa....Meu Mestre Literário.
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